Quão calada e escura é a noite
Saltam mais os astros
Longe caem e queimam em mim
Que, sozinho, por ti me basto

Ardo em febre
E em pensamento
Vago em direção
Aos teus olhos vagos
No fundo rasos
D’água e ilusão.

Mingua a lua tanto mais
Quanto a saudade aperta
Entre mim e a dor
Não sei quem chega ao fim

Hoje acho que já não se morre mais de banzo
Mesmo a 40º encharcando o lençol
E ansioso por que me salve
Aguardo o clarão do sol.

Eis que surge então
A chuva, a queda das estrelas
Desabamento do céu ao chão
No que se assemelha desordenado

E a gente trabalhando assim inconsciente
Pensa que sonha o que deveras sente
E é só a solidão do processo
Qual outra cadente.

***


Chula

Emerson AC

Oi, Oi, Oi, Oi, Ai, Ai.
Oi, Oi, Oi, Oi, Ai, Ai.

Brigando comigo por nada
Ela ficou danada
E saiu me dizendo uma palavra, Chula.
Fiquei de bobeira batido
Não entendi nada
Corri atrás dela e ela na ’Picula’
Meu coração atarantado
Batendo apressado
Cá dentro rufando parece que pula
Ainda pego essa preta de jeito
Pois trago no peito
A palavra mais forte que coice de mula

Deixe estar ’sinha’ Preta
Largo de ser besta
Tirado a herói
Ou te boto no eixo
Ou no fim eu padeço
Mas ainda é melhor
Do que ficar nessa onda de herói
E você só mandando
Eu sofrendo e sangrando
A fingir que não dói.