Que sorte que Deus me deu,
E que sempre hei- de lembrar,
Embora não seja ateu,
Julguei encontrar o céu,
Na expressão do teu olhar!
Neste mundo menor, de escolhos,
Unindo os nossos destinos,
E nesta vida de abrolhos,
Para mim, teus lindos olhos,
Eram dois céus pequeninos!
No espelho do teu olhar,
Vi dois céus em miniatura,
E para mais me encantar,
Iam-se neles mirar
Na minha própria ventura!
E tão mística atracção,
Tinha teu olhar profundo,
Que em sua doce expressão,
Eram um manto de perdão,
Sobre as misérias do mundo!
Mas deitaste-me ao deserto,
Deste mundo enganador,
Hoje o teu olhar incerto,
Já não é um livro aberto,
Onde eu lia o teu amor!
Enganaste os olhos meus,
Nunca mais te quero ver,
Meus olhos dizem-te adeus,
Teus olhos não são dois céus,
São dois infernos a arder!
Coração pr’amar a fundo,
Outro coração requer,
Se há tanta mulher no mundo,
Vou dar este amor profundo,
Ao amor doutra mulher!