Já tarde, quando passava
Ouvi alguém a gemer
Naquela rua sombria
Era o fado que chorava
Porque lhe foram dizer
Mataram a Mouraria
A tradição condoída
Também chorava por ver
O amigo desolado
E dizia; é a lei da vida
Vem o futuro a nascer
E vai morrendo o passado
O fado já mal se ouvia
Mas teve forças ainda
P’ra dizer à companheira
Mataram a Mouraria
Velhinha que foi tão linda
Já não tenho quem me queira
Hei-de cantá-la mil vezes
Como souber, bem ou mal
Ou eu não me chame fado
Enquanto houver portugueses
Ninguém diga em Portugal
Que vai morrendo o passado