Faça o que fizer. Sou mano de fé.
Sou pai de família. "Sai daqui mané!"
Eu cato papelão. Esse é o meu ganha pão.
Pode acreditar, não sou ladrão.
Cato no lixo, no final do comício,
na porta do barraco e na porta do edifício.
Depois da refeição com a família e os "Irmão".
Quando o dia é bom, dobradinha com pão.
Na cooperativa vou à tarde pra reciclar.
Pra fortalecer, uma cachaça no bar.
Também cato latinha. Se achar a sorte é minha.
Ontem teve festa naquela praçinha.
Juntei um saco grande. Tô indo pra Rio Grande.
Já passei a ponte da Vila Conde.
Chegando na estação. A dica de um "Irmão".
Melhor preço em Mauá, vou pegar o trenzão.
O mano pode estar certo. Mas vou ficar esperto.
Pode dar errado ou pode dar certo.
Antes desse trampo, tudo tava mal.
Foi quando descobri o trabalho informal.
Fui camelô, " CD pirata", mas veio o rapa
e levou minha barraca.
Tudo perdido mas não desesperei.
Na família e nos amigos foi que me apoiei.
Apoio nessas horas é fundamental.
Foi o que me levantou e me deu moral.
Me deu moral e auto-estima.
Foi tudo aquilo que me colocou pra cima.
.O "Ferro Velho" mudou o meu destino.
Foi lá, que com sucata, montei o meu carrinho.
Parti pra luta. E tudo que eu catava. Logo percebi
que a família sustentava.
Consegui vender."Firmeza" a informação.
Dinheiro na mão.Ponto a mais pro povão.
Sou "favela", com orgulho, catador de papelão
Sou "favela", com orgulho, catador de papelão