Não há nenhuma lua no céu,
Alguns pontos de luz escorregam e brilham, piscam e desaparecem por entre a espessa bruma ninhada sobre arbustos, calçadas e cacos de vidro.
O ranger de metais das chaves do vigia não importunam as formigas que fazem fila sob os meus pés,
Não há nenhuma lua no céu,
A minha frente à estátua de dedo em riste jura a inocência enquanto arrota a fuligem e orvalho,
Confiro os meus bolsos vazios em busca de algo que não sei o quê, não sinto sono, fome, sede, não sinto nada!
Não há nenhuma lua no céu, nem chuva, nem Vênus, nem fogo que ilumine a pequena torre onde o vigia expõe sua front crispada, sua boca lacrada, e sua alma inchada de café e cansaço.
Não há nenhuma lua no céu, nenhum som na terra e o vigia dorme profundamente.