Meu tempo de boiadeiro
Meu berrante companheiro
Não esquecerei jamais
Eu ia sempre adiante
Repicando o meu berrante
E a boiada vinha atrás
De quebrada em quebrada
Cortando a longa estrada
Eu tinha prazer bastante
Pensando em minha amada
Minha linda namorada
Eu tocava o meu berrante
Mas porém um certo dia
Acabou toda a alegria
Que eu tinha no coração
Veja que grande castigo
Um boi cruel inimigo
Matou meu querido irmão
Larguei de tocá boiada
Deixei a companheirada
Chorando na despedida
Eu também muito chorei
Meu berrante repiquei
Dando adeus pra toda a vida
Agora que estou velhinho
Aqui neste meu ranchinho
Vivo sempre a recordá
Parece que estou escutando
Meus amigos me chamando
Pedindo pra mim vortá
E quando lá na estrada
Eu vejo uma boiada
E a poeira levantá
Quase louco nesse instante
Eu repico o meu berrante
Depois começo chorá
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)