É alguém encolhido na calçada
é um outro que finge a própria dor
é a casa deixada e desejada
é uma outra visão do mesmo amor
no chacoalho do trem para o trabalho
no cochilo quadrado do metrô
vou pensando o país dos Abelardos
onde a cura é o placebo B.O.

Não, não quero perder, eu não quero
Não, não quero largar, eu não quero
Não, não quero deixar, você é o mistério
você é esse instante que eu quero guardar
é sério, é muito sério, eu sou seu lugar
você é importante pra minha boa forma

É uma feira de cura mediúnica
é a única chance de ganhar
é uma esquina trancada com macumba
é a rumba que vem do meu olhar
não sabia se punha terno ou jeans
se era Rave ou se era procissão
sem idéia do que esperam de mim
visto a camisa nova e digo não

não, não quero perder eu não quero
não, não quero largar eu não quero
não, não quero deixar, você é esse prédio
tomado lá do térreo ao décimo andar
tomando todo o Aterro de tédio e de mar
não mude, não encane, não case
tente me esperar

É a música intensa dos sentidos
é o grito de antenas e sinais
é o sol me enchendo de malícia
é o rito de velhos capitais
de repente senti-me invisível
um fantasma cortando multidões
transpirando carbono, vidro, diesel
confundindo com as tripas, corações

Não, não quero perder, eu não quero
Não, não quero largar, eu não quero
Não, não quero deixar, você é o remédio
que eu finjo tomar