Lembro-me de ti quando ainda era um sonho,
Voar, chorar, triste, risonho.
Percorrer estradas, perder de vista,
Vida incerta, palhaço artista.
Luzes, cem palcos, adormecer...
Olhar para as crianças, senti-las crescer,
Dançar na noite, dia a nascer...
Poesias, chamas, podes crer!
Destino sem rumo, incertezas,
O futuro na chama das almas acesas,
Abraça-me, ri-te, dança comigo...
Qual é o segredo de perder um amigo?
Vozes do silêncio, olhar abandonado,
Tocar e sorrir, baile e afado,
Lembro-me de nós crianças...
Fantasias, divagámos Andanças!

Pés... descalços no pó, alucinados,
Encontros do umbigo apaixonados,
Mazurkas no fogo, contradanças,
Camponesas, falinhas mansas...
Tocas-me na alma, manifesto da verdade,
A vida é uma revolta, realidade!
Olha o silêncio a brilhar,
Segreda-me no ouvido que o Mundo não quer acabar...

Mazurkas... que te cegam o fundo do coração,
Gigante segredo da tradição,
Procuro no teu ventre inspiração,
Portas, suspiros, abrigos, traição...
Este é o momento que te vou deixar,
Mundos, caminhos por partilhar,
Saudade, lágrimas de coragem.
Festa é festa, amigos boa viagem!
Tocar no baile e ver o mundo a dançar,
Suavidade, dança sem saltar,
Trocar sorrisos de baixo pra cima...

Fim do Mundo, cego e mudo...
... mãos cheias de nada, Alma cheia de tudo!